Esta semana fui ao Posto de Saúde para atualizar os meus dados ante o novo médico,uma vez que em cidades interioranas é necessário haver esse contato. Foi-me apresentado um jovem que ouviu sobre a minha medicação com uma indiferente delicadeza e transcreveu os medicamentos o que me levou a ir no passado buscar as imagens que trago na memória sobre a figura do médico de família.
Criança,revejo a figura do nosso Dr. Heitor...Heitor Moreira de Albuquerque era realmente uma presença marcante na vida dos meus pais e de toda a população da nossa pacata cidade, que a ele recorriam independente da hora mesmo sendo funcionário da Fundação Nacional de Saúde.Cinéfilo inveterado ,não perdia uma noite no cinema.Só tinha um emprego e vivia bem com sua família.
Então,chega Dr. Djalma...Um médico recém formado com muitos ideais e sonhos dedicando -se completamente a saúde e ao bem-estar da nossa população. Infundia tanta confiança que preferi renunciar ao conforto de um hospital em Maceió,para dar à luz ao meu filho com ele... Os seus conselhos permanecem gravados em minha memória: Usar samba-caitá para evitar lesões uterinas, evitar tomar café preto e os exercícios que hoje são feitos com um fisioterapeuta,ele já os ensinava. Não carregava o nome de médico da família, mas era muito mais que um...Era amigo,confessor,confidente.. Trabalhou até o fim....
Outros médicos chegaram aqui através da Fundação Nacional de Saúde...Dr. Edson Moura,que era multi-tarefas e resolvia tudo, Eraldo Loureiro de uma competência ímpar e que aqui se estabeleciam com suas famílias e faziam parte do nosso cotidiano tais como o saudoso Edilson Teodoro de Castro. Não eram só os médicos que cuidavam de nossa saúde eram nossos amigos. A esses médicos somaram-se a dedicação de Virginia Beatriz e os cuidados extremosos de Maria José.
Quando foi criado o programa de Saúde imaginei que esses médicos dedicados ressurgiriam e a população decerto seria beneficiada por uma assistência diferenciada. Ledo engano...A ambição desmedida que leva muitos médicos a correrem de uma cidade para outra, e atenderem em vários hospitais os faz ficar distantes dos anseios da população.
Estou saudosista...Quero voltar ao passado sim...Quero um médico que me ouça com carinho sem estar fazendo palavras cruzadas no computador enquanto desfio o meu rosário de queixas... Quero um médico humano e não uma máquina...
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