quarta-feira, 2 de abril de 2008

FESTA DE REIS


Não é a festa de reis que eu festejo em Pão de Açúcar,praticamente ela quase nem existe mais: mas a tradição, os costumes, as lembranças. É o reencontro com todos que se encontram ausentes. E como é bonito vê-los chegando, trazendo nas bagagens os sonhos e as esperanças, as alegrias e as frustrações. Cada um tem uma estória alegre ou triste para contar.

E se vai de um lado a outro, sem se saber para onde se está indo. Apenas vai. Apenas vem. E no meio do vai e vem tem os abraços, os risos,as lágrimas de alegria e algumas de saudades.



Na praça do Bonfim,um palanque armado. Para que? Não existem os leilões e as serestas. os marinheiros da chegança lá não cantam e o curre de S. Dú está aposentado. E a Onda o que é dela?



Procurei ver o romantismo e a poesia, mas encontrei a praça vazia. Na Rua da Frente, o coração da cidade, pulsava desordenado, verdadeira Babel. Apinhada de parques de diversões e barracas, impedia-nos de transitar. Aquele passeio gostoso, de ir e vir pela praça a conversar com um, acenar para outro foi-nos tirado. Até o prazer de conversar gostoso e manso,as músicas estridentes dos parques, nos roubou.



O Redondo estava lá...Quase vazio...Sem alma... sem vida...



Na Toca do Índio,momentos de alegria. Fernando Ganso, Vavá, os irmãos Ramos e toda aquela magia dos artistas, músicos e poetas que ali se encontravam para a peixada do Dedo. Importantes que são onde moram; lá na Toca são apenas os filhos de alguém, que são ou já foram alguém em Pão de Açúcar.



Muitos turistas...Inúmeros... A cerveja custando R$ 0,50 a mais, se escondia e vinha quente. A música do Trio Elétrico e o banho no velho Chico.



Onde as mocinhas com seus vestidos esmerados, nos quais as grandes costureiras varavam as noites, se esconderam? Por trás dos biquínis coloridos e das cangas multicoloridas. Como andam longe os tempos em que as crianças sapecas prendiam as moças, umas às outras, com alfinetes de segurança...

E no meio do meu desencanto, vejo a procissão retornar a terra,acompanhada por mais de 1000 pessoas e emocionada vejo o nosso Maestro Petrucio, que anualmente traz a banda da Aeronáutica de salvador para homenagear o Senhor dos Navegantes. E logo atrás a banda de pífanos, expressão maior da nossa música folclórica, trazem-me a convicção de ser possível fazer uma Festa de Reis com todas as inovações do século, mas preservando a nossa tradição e a nossa cultura, ressuscitando conceitos e não nos deixando esquecer que somos eternos amantes da Terra do Sol , Espelho da Lua

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