quarta-feira, 29 de maio de 2013

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A gratidão e a amizade






     Há vários dias que reflito sobre essa passagem bíblica narrada por Jesus em haver curado 10 leprosos e só um haver voltado para agradecer.Na nossa vida esquecemos de praticar e exercer a gratidão.Quantos de nós volta para agradecer um gesto de amor, um carinho, um afago ou até uma palavra amiga?



(Lucas,17,11)

    Domingo passado em meio a dores fortes que me torturavam recebi um telefonema que muito me emocionou...

   A decisão de ser só é muito decisiva na vida de uma pessoa. Eu decidi ser só. Com os meus medos, minhas imperfeições, minhas manias... A principio havia o meu filho e posteriormente passamos a morar com a minha mãe. Mas os filhos nascem de nós, mas não são nossos já dizia o poeta. Têm suas vidas, seu presente pulsante para construir .E um dia o meu filho seguiu o seu destino formou uma família e hoje mora em uma cidade onde os recursos médicos são precários.Ficamos mais uma vez juntas eu e minha mãe, caminhando nossos passos e procurando viver o que a vida tinha nos reservado.Só que como tudo na vida há um fim, por mais bela que seja a história e os elos de amor.

    De repente me vi sem chão... Sem casa, sem ter para onde voltar e precisando aprender a só ser. É um processo de difícil construção, doloroso, lento e inexorável, mas o que fazer? Era como se eu estivesse andando nos barcos de S. Dú na festa de natal quando criança e este subiam no seu balanço de vaivém e de repente desciam vertiginosamente, sem controle e sem timoneiro.Queda livre rumo ao desconhecido.

    Sobrevivente e com as feridas curadas aprendendo no dia a dia o preço e o valor da solidão que passou a sozinhez.Aprender a esquecer os “amigos” que se afastam e conviver comigo mesma.A caminhar passo por passo sem esperar o que não se compra.Mas,restava passar por mais um processo doloroso.Eu que havia enfrentado um câncer em 2004, com êxito e me sentia ótima descubro um nódulo na traqueia.

    E agora? O que fazer? Para quem já enfrentou ou lidou com um portador de câncer, sabe da importância do amor, da família, dos amigos... Mas todos já se foram... Resolvi desistir. O outro eu venci porque tinha uma mãe que não desistiu de mim.E uma tia-mãe que era o nosso suporte.Eu tinha uma família pequena mas que me amavam e juntos lutamos e enfrentamos a batalha.

  E domingo acometida por uma virose, recebi um telefonema de uma amiga, Lucia dos Anjos, que mora em Aracajú.

   Lucia é uma pessoa muito especial, que pelas tragédias enfrentadas em sua vida poderia ser uma pessoa amarga, depressiva e intolerante. Não... é alegre, bem humorada,trabalhadora e transmite muita paz e confiança.Também por situações inesperadas mora só.Mas recomeçou a vida com muita dignidade e honradez e hoje é uma comerciante bem sucedida.Mas retomando ao telefonema ela me fez um convite inesperado: Ir ficar com ela, o tempo necessário para dar início ao tratamento vez que sabe a necessidade de se ter alguém ao lado em determinados procedimentos.Do acompanhamento, de uma mão amiga para nos ajudar na caminhada, de uma palavra de incentivo e carinho.

   A emoção me dominou e eu que normalmente já sou uma manteiga derretida, fiquei sem palavras. Dentre tantos que se dizem amigos só uma demonstrou generosidade e disposição para enfrentar uma nova luta.A mala está pronta e assim que regularizar as contas mensais estarei a caminho de Aracajú.

   Amigos verdadeiros possuem o dom de retirar da vida o que há de melhor e transformar nossas miudezas diárias em acontecimentos que nos transformam e nos fazem acreditar que dias melhores virão.

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