domingo, 16 de março de 2014

Quem somos nós?







Esta poesia foi feita a pedido da presidente da Câmara de Vereadores de Pão de Açúcar....Nela eu expresso o sentimento das mulheres homenageadas.Cada uma tinha a sua história de vida para contar...Cosete estava linda na sua simplicidade....E Dindinha Maria Tavares não podia ir, mas seus filhos Darcy e Maria Rosa Tavares se fizeram presentes...Sim, o meu irmão Giuseppe Gomes também se fez presente ...  E nem falei dos meus amados Jurandir Amadeu, Cassilta e Glauco que sempre estão ao meu lado.Além de Durvalzinho meu primo-irmão...


 Branca Andrade é tão inteligente que aproveitou ser o dia da poesia... 
Viva o dia da poesia! Viva nós!




QUEM SOMOS NÓS?



Mulheres de Pão de Açúcar
Concebidas nas noites de lua cheia
Quando Jaci vinha no rio se mirar...
Irmãs da iara, filhas da mãe d'água
Com quem aprendemos os encantamentos,
E nascidas na cidade branca de todos os amores

As águas do velho Chico lavaram os nossos corpos
E as rampeiras cantadas na madrugada
Embalaram nosso sono.

No calor causticante do sol,
Lavamos nossas roupas
E os nossos corpos mesclados de suor
Com o cheiro das pilombetas.

E no fluir das águas mansas
A nossa sede de liberdade
Mescla-se ao anseio
De abrir os caminhos
E desvendar mistérios.
Conquistando nossos espaços

Bordando nossas vidas
Com o labirinto e o boa noite
E calcando o barro em nossas casas
Nos tropés do coco com as melodias
Que cantam nossa história.

Quem somos nós?

Somos as mulheres de Pão de Açúcar.

( Marcia Telma)



domingo, 11 de agosto de 2013

                 O circo, um sonho de infância



    Quando criança fomos privilegiados com pais que valorizavam a cultura, ora adquirida através dos livros que meu pai trazia de suas viagens, ora dos filmes que assistíamos no Cine Pax,ou da boa música tocada por minha mãe ao piano.O teatro, fazia parte dos nossos passeios nas férias além dos folguedos culturais e das historinhas contadas e recontadas por nossas avós.


    Para crianças interioranas os divertimentos eram simples, mas vivíamos a nossa infância com a intensidade de quem quer aproveitar os momentos de lazer e aproveitávamos todas as oportunidades que nos surgia: ora a festa do Padroeiro da cidade, o Coração de Jesus, onde as noites ricas de entretenimentos ao cargo dos noiteiros e dos participantes que se esmeravam em dar o seu melhor; ora as festas escolares que se revestiam do caráter cívico e solene.


   A chegada de um circo na cidade era uma festa. Não só o chamamento dos palhaços, mas toda a preparação que entretia a cidade e não só as crianças. Nunca íamos às estreias.O nosso pai ia só, ver se o circo era de acordo com os bons costumes e normas de decência.As nossas expectativas cresciam e povoavam o nosso imaginário nas noites cálidas de Pão de Açúcar.No dia seguinte, no grupo em que estudávamos os comentários fervilhavam e sempre havia aqueles coleguinhas cujos pais permitiam o seu acesso na estreia.


   E com renovado respeito e inquietação adentrávamos na noite escolhida no mundo maravilhoso do circo. E havia os palhaços, irreverentes e brincalhões, os mágicos a fazer desaparecer uma moça bonita, os malabaristas, as cantoras de rumba e danças exóticas, e o melhor as acrobatas e equilibristas. E eu vendo aquele mundo rodeado de magia e luz me imaginava andando na corda bamba. Como eu sonhava... Não queria ser Iracema, a filha de um dos donos do circo, que foi armado na Praça São Pedro, e arrebatou os corações dos jovens casadouros. Não... eu queria fazer acrobacias...E durante muitos dias, mesmo depois que o circo ia embora, eu ficava a sonhar acordada com todas as manobras radicais dos balanços e cordas.




    O último circo que fui pelas mãos do meu pai foi o Tihany, armado ao lado do Trapichão em Maceió. Jogo de luzes em um bailado inesquecível, animais adestrados, globo da morte, malabaristas, palhaços e mágicos. O circo era belíssimo. Foi uma noite linda e encantada... Uma noite que acabou de repente e não mais se repetiu, pois logo depois meu pai fez sua última viagem.


    Não fui  mais assistir a nenhum espetáculo circense.Como ir sem meu pai?Como ir sem as suas advertências e olhares admirados?


     Quando o meu filho nasceu, certa vez o levei novamente ao circo Tihany. Mas, toda aquela magia dos espetáculos assistidos com o meu pai havia acabado. O mundo do circo havia acabado para mim.


    Domingo passado, superada as minhas saudades, fui com meu filho, assistir ao Circo do Marcos Frota. E voltei a ser criança entrando naquele picadeiro, como se fosse um local sagrado. As emoções me dominaram e me vi envolvida por todas aquelas memórias da menininha que queria ser trapezista. As lágrimas jorraram... Como explicar o que estava sentindo ao ver aquelas crianças ginastas e os palhaços que provocavam risos sem contar piadas com duplo sentido. Senti-me envolvida por aquelas garotas a fazer sua apresentação em tecidos que desciam do teto e as envolviam como nuvens, e me vi a ter medo do mágico, que no caso era uma mulher que usava as facas com precisão. E aplaudindo a tudo, feliz, esquecida que lá fora, a escuridão ia de novo me envolver e pensar que gostaria de estar me equilibrando naqueles trapézios voadores.


    A oração de Marcos Frota, nos levou a acreditar que os sonhos podem sim ser realizados e ele deixou o mundo da telinha para uma tela maior, que é o mundo do circo, onde trabalha com geração de crianças carentes.


    Hoje, quero agradecer ao meu pai Jurandir Gomes por haver me proporcionado uma infância povoada de poesia e ao meu filho Jurandir Amadeu por haver me devolvido a alegria de ser criança outra vez.Sou sim, uma artista...No circo da vida estou a me equilibrar numa eterna corda bamba...
UMA LIÇÃO DE AMOR E ESPERANÇA

Nasci em uma família de tradição católica. O meu pai era Mariano e minha mãe que era filha de Maria, cresceu cantando no coro do Convento dos Anjos na cidade de Penedo.

Dentro dessas tradições familiares fui na minha infância da Cruzada Eucarística e educada nos princípios rígidos das irmãs sacramentinas.Sempre amei a Maria como mãe de Jesus , exemplo de humildade e renúncia e a N.Sra. de Fátima.fazia a oração do rosário diariamente e por muitos anos desejei dedicar a minha vida seguindo uma ordem religiosa.

Mas, como morava em uma paróquia pobre, vi-me ante um problema sério do padre local.E pus-me a duvidar da sua capacidade de participar da celebração da missa e principalmente da Eucaristia.É sabido que os padres fazem os votos de celibato e quando estes são quebrados geram desconfortos entre os católicos.Eu, jovem, achei que tinha o direito de julgar e assim sendo me afastei da igreja.Foi muito difícil quebrar os vínculos que me uniam a igreja católica e ficar à deriva.

Passado algum tempo levada pela necessidade de congregar fui ser evangélica. Infelizmente não me encontrei ali. Tentei, mas não consegui. Maria exerce apenas a função de mãe reprodutora, bem diferente do que eu havia praticado toda a minha vida.Até que após muitos conflitos íntimos me afastei da igreja e passei a estudar a espiritualidade, onde me encontrei.

Entretanto esse ano fui surpreendida pela eleição do novo papa.Um argentino, simples, humilde, que mesmo depois de sua eleição vai pagar a sua conta do hotel onde havia se hospedado, conserva os seus sapatos usados e não aceita usar aquele trono tão ostensivo.escolhe o nome de FRANCISCO. 

Não existe na historia papal nenhum Francisco. E ele vai mais longe ao fazer a cerimônia do lava-pés.A partir daí passei a ler todas as informações sobre o papa que pregava a humildade, a solidariedade, a compaixão.Um papa que não aceitava compactuar com os padres pedófilos e muito menos com os escândalos financeiros do Vaticano.

E esse Francisco chega ao Brasil... Trazendo a sua mensagem de se tornar um com os mais sofridos e abraçando a todos, dispensando a ostentação e levando na mão a sua bagagem.

   E nos diz: “Não trago ouro, nem prata, mas lhes trago o que de mais valioso me foi dado: Jesus Cristo.” E se faz um com os mais pobres, mais sofridos ao visitar uma comunidade carente.Desce do papamóvel para beijar uma velhinha: e pede que os jovens amem, ouçam e respeitem os idosos.Idosos, esses tão relegados e esquecidos.

 E vai mais longe: “ Não se trata simplesmente de abrir a porta, mas de sair pela porta afora para procurar e encontrar”.

            Tenho certeza, que esses jovens não voltarão aos seus lugares de origem , após passar tanto frio, fome, dificuldades de locomoção e acomodação sem haverem passado por uma profunda modificação interior e decerto todos saberão levar a mensagem de que a “ afé é uma chama que se torna mais viva quando partilhada.”

            Que o mundo possa se tornar melhor se cada um de nós, não importando a religião professada, possa praticar o amor e levar a esperança onde quer que esteja.



Parabéns a mulher da minha vida! Parabéns minha Mãe! Marcia Telma


  Hoje (10/07/2013) acordei com uma sensação bem esquisita, e não é a virose que está me deixando de cama, é um misto de muitas coisas, mas um vazio grande que só as chatices de uma mãe preencheriam, e é ela mesmo que tem me feito muita falta.




É engraçado, pois eu mesmo sempre sendo meio distante com as pessoas que mais amo, mesmo não sendo dos que liga todo dia, pra filho, quando está distante, pra mãe, mais especificamente, eu com a minha mãe estabeleci uma relação única, onde a honestidade tomou proporções muitas vezes prejudiciais ao nosso entendimento... Talvez por conta dela, a honestidade, deixamos de nos poupar de milhões de coisas que não deveriam ser ditas... Mas ao mesmo, sabemos de verdade até onde vai a capacidade do outro nos mais amplos aspectos... E o mais importante, quem somos de fato. 

Há um certo tempo tenho visto exemplo de pessoas que nutro certa admiração, a forma que eles convivem,- ou seriam outro nome-, talvez quem sabe... A forma que eles encontraram de se vivenciar ou desenvolver as questões ligadas à família, e vejo que muitos pensam assim, uma ligação consanguínea que acima de tudo deve ser preservada, maculada... Onde os seus não enxergam defeitos publicamente ou tecem criticas aos seus iguais... Onde o seleto grupo quase que se santifica, mesmo muitas vezes sabendo que o pecado é bem maior que a penitencia imposta. 

Eu, ao contrário disso, aprendi outra forma de pensar e até mesmo de respeitar essa instituição tradicional, eu o faço com a máxima honestidade, e mesmo discordando de um monte de coisa, e enxergando nos meus os seus defeitos que muitos da rua enxergam, eu os amo, e sem santificar, os adoro ainda mais, pois como humanos, eles ainda tem tantas qualidades como as que conheço, que verdadeiramente devem ser admirados por isso... 

 Assim se deu minha relação com as pessoas, sem a dependência “cega” da “tolerância muita vezes omissa da consanguinidade. Se pautar por princípios e não por grau de ligação, foi e é algo complicado, pois muitas vezes se é mal interpretados, gerando alguns maus entendidos... Muitas vezes por ignorância ou maldade das pior... Hoje com todos os meus defeitos e acertos me sinto um cara coerente em mais de 80% das minhas atitudes... RS... Acho um bom numero para os dias de hoje. RS


   O fato é que para tal e para tudo, fosse para minhas escolhas de vida ou para meu desenvolvimento profissional, artístico... ou até mesmo para o desenvolvimento da minha identidade humana. Eu contei com uma parceira, muitas vezes uma amiga complicada... que também tinha suas frustrações e marcas, com milhões de pontos a serem ainda colocados em sua vida, mas com a presença marcante em toda minha fundamentação humana, em todo meu entendimento de mundo, dando exemplos, que nem sempre eram os seus, mas indicando caminhos que se pautavam em princípios éticos. 


  Eu digo com muita coragem... Eu não aprendi nada na escola, quando comparado aos ensinamentos que tive a partir da minha Mãe e com os exemplos da minha avó. 

  Minha mãe acreditou em mim até quando quis ser jogador de futebol... – maior demonstração de amor creio que não possa haver... RS – Minha mãe foi minha primeira investidora, bancando idéias artistícas que até os que mais me elogiam hoje, na época, vislumbravam somente equívocos... E foi crendo neles, nos supostos equívocos, que os elogios de hoje chegaram ao trabalho que desde sempre idealizei... Ela me deixou seguir até nos caminhos que ela mesma não escolheria para si, mas confiou em mim, e me advertiu dos obstáculos que me esperavam...

    Eu em contra partida, não dei muito atenção aos planos que ela tinha feito para mim, talvez nove meses planejando o que eu não conseguir cumprir, e era tão pouca coisa que ela queria para mim, ela queria que eu me dedicasse aos estudos, e eu me dediquei a vida, as pessoas, as coisas oriundas das pessoas... Por isso... Não sei se fui bom filho, talvez tenha sido um bom amigo... Honesto, leal... Mas sei hoje, sendo pai, que ser um bom amigo não é o suficiente... E digo aos que me leem agora, eu infelizmente, ainda só continua sendo talvez um bom amigo... E por mais que tente ser um bom filho, eu ainda não consegui. 

 Minha mãe e minha avó foram minhas maiores referencias de honradez e honestidade, e ambas passaram por muitas provas... Quando no episódio que nos foi deixado covardemente uma divida a qual meu avo tinha sido avalista, e já falecido, não pode solucionar tal problema, ele que sempre foi à força de trabalho da família, a figura que resolvia todos os problemas, minha avó que não sabia sequer  resolver nada em banco, teve que junto aos seus filhos renegociar e sanar a divida alheia, a luta para sanar o debito e o débito do débito, a luta perene para se viver em outro padrão de vida... A importância dos poucos e fieis amigos... Minha avó voltando a dar aula no colégio São Vicente para ajudar nas despesas cotidianas da casa. Eu um moleque mimado e malcriado, impertinente, querendo os mais diversos presentes que sempre recebia nas datas onde comumente se presenteia, nas idas as capitais, Maceió e Aracaju... O choro mimado que doía no peito das minhas mães, Mercedes e Márcia... E até isso me levou ainda mais para entender o mundo como hoje entendo... Valorizar as pessoas como hoje valorizo... A não ter um apego demasiado no material e entender um pouco do processo da vida...

   Eu não só aprendi pelo amor... E amor não me faltou, eu sempre fui muito amado por minha mãe... Eu aprendi e construir meu universo entendendo as adversidades impostas pelo mundo... Só eu, Deus e a senhora mãe sabe o quanto foi difícil nossa vida... Nos mais diversos âmbitos .. Mas se não fosse tudo que vivemos eu não seria quem sou e certamente não estaria construindo essa história que estou empenhado em construir... 

Hoje é aniversario de minha Mãe... Eu gostaria mais que dizer algo bonito ou significativo... Eu gostaria de estar com ela aqui em minha casa... Vendo ela mimar meu filho e até mesmo ter o direito de me irritar com isso... Pois eu dentro de mim sempre que olho para ela, tenho a certeza que não estou sozinho no mundo... e saber disso me dar ainda mais força para buscar todos os sonhos que um dia a senhora mãe me incentivou a sonhar! 

  Muito agradecido pela liberdade que a senhora me deu, e por tudo que vivemos e sobrevivemos juntos!

   Desse meu jeito torto, eu te amo, te respeito e te admiro demais pela grande mulher, brilhante poeta, e mulher mais inteligente que conheci na minha vida.

   Parabéns Mãe tudo de bom para todos nós. 

(pelo grau de emoção que escrevi isso, eu de verdade não vou revisar ortografia, vou me dar o direito de postar assim mesmo... Até porque os que criticam, ao de criticar de toda forma.)

Seu filho
Jurandir Amadeu


               
   CARTA ABERTA AO MEU NETO GLAUQUINHO ( Glauco Amadeu )

Há 14 anos eu recebi o maior presente que poderia ganhar: a alegria de compartilhar com a minha nora Cassilta o nascimento do seu filho. E entre lágrimas de alegria e emoção tirei as primeiras fotos e recebi em meus braços aquela criança que vinha ao mundo com uma missão: alegrar a vida daqueles que o cercam.

“ Crianças são como anjos, que enquanto as pernas crescem, as asas caem”.O meu anjinho  está crescendo.

Está se tornando um adolescente, com inquietações, dúvidas e questionamentos característicos da sua idade. Determinado até a sua música é polêmica: rock. Passou por momentos difíceis e conflitantes, mas continua espalhando a sua bondade e o seu carinho.Sem perder a fé nas pessoas e acreditar na vida.

Então, Glauquinho o que sua avó tem para lhe dizer hoje, não é um conselho, são fragmentos de uma pessoa que já andou muito por essa vida, levou muitas quedas e sempre procurou levantar e recomeçar. Eu havia planejado passar o dia com você hoje... Mas com a idade os problemas de saúde nos atacam inesperadamente e não podemos fazer aquilo que nos pede o coração. Mas vou falar como se estivéssemos sentados naquele bote de Damiaozinho, no rio São Francisco, você a me proteger como antes eu fazia com você.

Procure viver a sua vida com intensidade, aproveitando momento por momento, pois eles não voltam.

Estude... Estude muito, leia e pesquise...Faça teatro.Aprenda. O mundo é duro e não é complacente com as nossas falhas.

Passeie... Um passeio é sempre a oportunidade fazer novos conhecimentos, novas aprendizagens, novos saberes. e cada caminho que percorremos nos mostra uma faceta diferente.

Mantenha suas amizades... Aqueles amigos do jardim, e do ensino fundamental serão amizades valiosas no futuro e na sua velhice.

Namore muito... Sempre respeitando as garotas como quer ser respeitado.E quando um dia encontrar aquela que será a sua amada, será como se um raio caísse sobre sua cabeça.Ouça a voz do coração.E tenha filhos.Os filhos são as alegrias dos pais...Uma casa com jardim e uma horta no quintal...E um cãozinho também...

Seja corajoso e forte... Para ser feliz é preciso ser forte.

Ouse... A ousadia será importante em suas decisões: um corte de cabelo diferente, uma roupa de cor estranha, mas que é indicativa da sua vontade.Sorria muito, cante, dance...Dance muito ouvindo a música da vida.

Procure sempre amar e respeitar os seus pais. São únicos.

Nunca se arrependa do que faz, mas do que deixou de fazer.

Não dê espaço no seu coração para mágoas nem rancores...Não durma sem antes haver praticado o perdão.

Então meu anjo adolescente, isso tudo é o que eu diria se juntos pudéssemos estar caminhando nas areias cálidas do rio que enriquece nossas vidas.Parabéns! Não se esqueça: O mundo é melhor porque você faz parte dele.

Sua avó

Marcia

quinta-feira, 30 de maio de 2013

LAIKA


Ela chegou a nossas vidas como um presente ao meu neto, que no momento vivia um momento difícil, dado aos problemas conjugais que os pais estavam atravessando..Era uma bolinha de pelúcia quando fomos buscá-la no mês de setembro em casa de Isis. Ela chorava a noite inteira...E ele ficou encantado,queria brincar e colocá-la no colo o tempo inteiro.Deu-lhe o nome de Laika em homenagem a cadela do meu irmão que havia morrido.

Quando chegamos em nossa cidade a minha nora ficou brava! Alegou não haver sido consultada e que não dispunha de tempo para cuidar de um cachorro.Mas ela não deu bolas.Começou a dominar a casa, estabelecer o seu domínio e à noite ficava embaixo da cadeira de balanço de minha mãe enquanto ela fazia o seu crochê e assistia suas novelas.

Eu nunca gostei de cachorros... Tinha verdadeiro pavor, motivado esse por um acontecimento trágico na minha infância: estava aqui em Maceió, quando a minha mãe recebeu a notícia que a filha de D. Deleusa  Marques dos Anjos uma das suas melhores amigas, havia morrido.Rosa Maria, morreu aos 5 anos de idade, morte esta ocasionada por uma mordida de cachorro. Cachorro este que pertencia a família do Sr.Roberto Alvim. A partir desse dia, eu fiquei odiando os cachorros.Não entrava em nenhuma casa se soubesse  da existência de um cachorro.Até de um filhote.Só que quando cresci descobri a verdade  sobre a morte de Rosinha.Foi uma injeção aplicada no local errado.Mais uma fatalidade.

Quando morávamos (eu e meu filho ) numa casa antiga, enorme que ia de uma rua a outra, ele achou que deveria ter um cachorro.Relutante concordei com a chegada de Pitucha.Ela ao crescer fez do enorme quintal o seu habitat e como sempre cabem as mães a responsabilidade, eu tinha que lhe dar banho e preparar sua comida. Mas ela não podia pular nas minhas pernas, nem me lamber.Mesmo assim foi doloroso precisar doá-la quando nos mudamos para a casa da minha mãe.

Mas Laika me forçava a fazer o que nunca pensei: todas as noites saia a passear com ela.Como brincava nas praças arborizadas de Pão de Açúcar. E quando levávamos para o popular banho de rio, era uma festa. Espaçosa, brincava com as pessoas, e corria tanto pela areia que o meu neto se via louco.Só havia uma coisa que me desagradava: que ela entrasse no meu quarto.Quando por uma rápida distração deixava a porta do quarto aberta ela vingava-se:: fazia xixi na minha cama bem no lugar que gostava de dormir.


Da minha mãe tornou-se a companhia constante, que mesmo quando minha nora foi morar em sua própria casa, ela ficou conosco.

A minha prima Lila ( Lilian Tavares) passava em nossa casa todas as tardes para visitar mamãe.Mas desconfio que era para brincar com Laika que sujava sua roupa.E uma calça branca, então... No dia em que que morreu ( 06 de junho) Laika correu pela casa procurando o que não sabíamos ainda.

Um ano depois minha mãe também se foi.....A minha preocupação era de longe orientar a moça que trabalhava conosco para prende-la fora de casa.Ao chegar, não sei quem chorava mais...Eu ou ela isolada no quintal.Ao voltarmos do sepultamento ela pode ter enfim acesso a casa.Procurou a minha mãe em todos os cômodos até que se refugiou debaixo da cadeira preferida.

De repente passamos a sofrer com os acontecimentos e eu me vi com prazo para entregar a casa. Para onde levar Laika? Se eu mesma não tinha nada definido.A minha nora achou uma pessoa que queria adotá-la.Foi muito doloroso vê-la partir.Quem a adotou não quis a responsabilidade e levaram para o interior.Decorridos  uns 6 meses, estava eu a ruminar na horinha do crepúsculo quando ela chegou ofegante.Abri o portão e a alegria demonstrada excedeu tudo o que eu pensava.Fui rápida comprar a ração e minha nora a limpou como pode devido a hora e eu prometi a mim mesma não deixá-la separar-se mais da sua  família humana.
Quando entregamos a casa, minha nora a levou para sua casa. E eu fiquei só...Mas quando chegava lá era uma alegria.Infelizmente Laika sentia falta de sua antiga casa e logo depois engravidou.Essa gravidez extinguiu a sua vida.


Só hoje,é que sei a lição que ela nos deixou: o amor incondicional à família, a alegria e o bom-humor.Como os cachorros tem alma decerto encontrou a minha mãe.Até breve, Laika.....

quarta-feira, 29 de maio de 2013

DES-PE-DA-ÇA-DA

Tentando tirar você de mim
Que era o sol dos meus dias
Sonhos e projetos sem fim.
Dava-me tudo: carinho, amor.
E uma dedicação sem par.
Sua voz amiga me guiava
E o meu dia era povoado
De sonhos, música e poesia.
Como posso lhe esquecer
Se meu telefone está mudo
E fico esperando ouvir sua voz.
Como tirar você de mim?
Como estou me sentindo?
DES-PE-DA-ÇA-DA

Marcia Telma