terça-feira, 3 de agosto de 2010

Minhas recordações dos pés de jabuticaba


Vivi momentos bons, felizes e muitas vezes não sabia o valor daqueles momentos. Fiz uma viagem para Contagem em Minas Gerais. Casa de uma amiga de minha mãe, fazer um tratamento para parar de fumar.



A casa fica numa chácara no coração da cidade. Tem tudo... Amoras... Acerolas... Mamão... Morangos... Ameixas e jabuticabas.



Fiquei encantada com as jabuticabas. Não conhecia á arvore e fiquei deslumbrada com os pés de jabuticaba. Não consegui dormir, o meu corpo viciado pelo vício ansiava por mais um trago... Vagava insone pela casa querendo o meu cigarro.Só um... Mas eu havia decidido parar de fumar... Conscientemente tomei a decisão que mudaria minha vida. Mas que era difícil, isso era.




E aquela casa estranha, dominada pelo frio cortante das Minas Gerais me restringia. Não conseguia dormir e os canzarrões amestrados me impediam de cruzar os batentes e sair para o jardim. Estava limitada a ficar acordada insone e vazia,hóspede inquieta de um casal que dormia tranqüilos sem saber o quanto eu sofria e a inquietude que tomava conta de mim.



Quando os raios de sol venciam as nuvens tristonhas do final de inverno, corro para os pés de jabuticaba. Minha mãe aconselha: não coma tão rápido.Tenha calma...mas não posso aceitar o conselho.Com avidez vou recolhendo as jabuticabas no tronco da árvore e como todas,até me sentir repleta e feliz.


Pode alguém ser feliz ao comer jabuticabas no tronco, in natura?Eu pude... Nunca fui tão feliz como naquela chácara em Contagem, correndo em torno dos pés de jabuticaba, pisando na lama escura, negra que elas espalhavam no chão e querendo mais. Apanhava jabuticabas para levar aos cágados ( havia um tanque cheio deles) e voltava a comer...Em vão minha mãe me ensinava os bons modos de não me empanturrar...O que vão pensar? Nunca procurei saber...



Hoje, penso com ternura naqueles momentos. Eu e minha mãe, na casa de Ivalda e Nick, comendo jabuticabas,partilhando momentos únicos de felicidade e desejando ter um dia um cantinho para morar com um pé de jabuticaba.basta um...Onde o plantarei, não sei.A casa vai ser vendida.para onde vou não tem jardim,não tem quintal.



Preciso de um espaço para o meu mundo simples que se resume em saborear jabuticabas no tronco e me lambuzar na lama pegajosa que elas deixam quando caem no chão.


Marcia Telma

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