Folhas mortas pelo chão
chuva de inverno
no meu coração.
Marcia Telma
A vida é feita de pequenos retalhos, ... As poesias são retalhos da vida...Com as mãos vou costurando sonhos,poesias de retalhos...Aqui estão os retalhos da minha vida...Com o meu pai aprendi a manusear os tecidos,a sentir as texturas, a maciez,a forma, os cheiros.Com minha mãe aprendi a juntar os pedaços,formar as palavras e fazer poesia...Escrevo como quem tem sede.Uma busca incessante de me redescobrir nas palavras, reunindo-as, formando uma composição multicolor.
Marcia Telma
Um café apressado pela manhã,porque acordou atrasado, sair correndo (irritado consigo mesmo por ter que começar o dia assim), chegar ao trabalho estressado com o trânsito e de mau humor,é o inicio de uma agenda:ginástica,aula de informática, curso de inglês,telefonar para a prima, ir ao dentista, levar a roupa na lavanderia e por conseguinte uma infindável sucessão de obrigações monótonas e entediantes onde só cabem a seriedade e organização. E onde o prazer, a aventura, a alegria de viver?
E você?É também previsível e repetitivo,cronometrando seus horários e encontrando sempre as mesmas pessoas? Todo o mundo pode ser surpreendente e espontâneo. Já pensou na criança levada que foi, dada a aventuras e travessuras? Que tal deixar um dia que a criança renasça e fazer algo inesperado, deixando a agenda autoprogramada de lado, sem planos e horários estabelecidos deixando que o imprevisível nos surpreenda?
Seu corpo está pedindo para dançar? não é tão difícil assim...Telefone para alguém e passe uma noite no embalo.Ou está com vontade de ir à praia? decerto há um amigo ou amiga que também está querendo passar um final de semana inesperado naquela prainha.
Muitas pessoas reclamam da vida tediosa, mas passam o sábado e o domingo, limpando, arrumando apartamento e gavetas desejando que algo especial aconteça. mas é preciso dar um empurrãozinho na sorte e reaprender a ser espontâneo .
Deixe-se levar por impulsos e procure aventurar-se pela cidade.Há tanto que se ver e nós não nos interessamos em nos deter um pouco e conhecer o que não consta dos guias. Visitar uma exposição ou um museu, pode nos proporcionar uma visão diferente das coisas, como também oportunidades inéditas de ampliar nossas amizades. Nunca se sabe.
O segredo é começar a alterar os seus hábitos.Acordar um pouquinho mais cedo, tomar um café da manhã especial e sem pressa,inovando a sua agenda. Um telefonema para aquela amiga do colégio, um jantar num restaurante desconhecido, aceitar um convite para um show, ir ao teatro, reservar tempo para aprender algo diferente..O importante é ousar,é investir.A vida pode não ser o máximo, mas valerá a pena, se acreditarmos nisso
Estou repleta de você ,na noite de encanto
estou plena de amor,cheia de desejo e canto
estou vibrando como eternas cordas sonoras
estou feliz! Reencontrei você... e no entanto
**
Não importa o tempo, não importam as horas
hoje eu lhe encontrei! E assim sintonizados
minh’alma entoou cânticos secretos,exaltados
há milênios através dos séculos guardados.
***
Nada acontece ao acaso, certamente
se nossos espíritos se encontraram em euforia
os nossos corpos se buscarão eternamente
****
E na beleza desse reencontro perfeito
eu e você, juntos,possamos desse jeito
viver outra vida, outro amor em sintonia.
Marcia Telma
| Eduardo Dantas
*
Ainda sob o efeito do brilhante voto do Ministro do STF, Carlos Ayres Britto, proferido no último dia 5 de março durante o início do julgamento da ação que vai decidir sobre a liberação ou não do uso de embriões congelados para pesquisas com células-tronco embrionárias, é possível dizer que iniciamos um novo momento em nosso direito.
Pela primeira vez, na história mundial, um tribunal constitucional está a debater o momento do início da vida, lançando esclarecimentos sobre diversos conceitos que, embora essenciais, são imprecisos em nosso ordenamento jurídico, como o direito à vida, e a dignidade da pessoa humana. O relatório e o voto, em suas 72 páginas, formam um libelo irretorquível, recolocando bom senso em um debate que extrapolou os limites do direito, fortemente influenciado por convicções religiosas.
O argumento religioso, como toda opinião em uma democracia, deve ser respeitado. Todavia, sua imposição ao conjunto da sociedade, como se pretende, é anacrônica e inaceitável.
A religião católica é tradicionalmente maniqueísta, o que lhe impede de ter o equilíbrio necessário para admitir os imensos benefícios destas pesquisas frente a possíveis problemas que delas possam advir.
Em sua postura intransigente e absolutamente particular sobre onde começa a vida, a Igreja Católica parece se esquecer completamente de quantas vidas imolou no insano desejo de “purificar” almas durante o período da inquisição, aqueles, sim, seres humanos nascidos, conscientes e que sentiram a dor de serem torturados e queimados vivos simplesmente por não concordarem com quem se autoproclamava procurador de Deus.
Da mesma forma, agora, ela propõe que se deixem seres humanos nascidos e conscientes perecerem com doenças terríveis no disparatado pressuposto católico da felicidade da alma pelo sofrimento da carne, enquanto defendem a preservação de um amontoado de células que, sequer, possuem um sistema neural e se multiplicam não por vontade própria, mas por pura indução biológica
semelhante, no processo, a um tumor.
Interessante perceber que a ação busca impedir as pesquisas com células-tronco embrionárias, mas nenhuma menção é feita ao descarte destes embriões, que, se não utilizados para salvar vidas, irão para o lixo. Jogar fora pode?
Homens sujos e rasgados nas caatingas
crianças amarelas, barrigudas e feias
mulheres desgrenhadas,asquerosas, magras
que trazem nos olhares um cansaço dolente
cansaço que fere e que mata
a quem não tem água e nem fura um poço.
Chegaram à cidade os pobres coitados
tão sujos...tão magros...tão feios...
Retirantes!... gritaram os donos da vila
Que invasão! Que barbaridade!
-Não temos comida ,trabalho,
nem roupa velha. Estamos sem nada,
outra cidade mais rica,certamente
lhes darão de comer. Vão embora!
E lá se vão os pobres coitados
caminhando pela estrada mansamente
tão cansados... aonde chegam são expulsos
caras tão mal encaradas
não quero na minha fazenda!
As crianças tombam pelos caminhos
depois de comerem raiz de capim
ou o fruto do xiquexique.
febre amarela e diarréia
nos velhos.Nos jovens,esperança!
Esperança de retirante!
É a água. Um oásis de paz
e abundancia. Com um milharal
imenso, um roçado de feijão
e melancia, além da mandioca.
Esperança de retirante!!!
éter uma terra só sua
uma casa de barro, enxada
mulher barriguda e bruguelos.
Peste dos sertões!
Quando chega a seca
os donos dos engenhos e fazendas
Fecham as porteiras.
Retirantes! É a peste...
A peste amarela.
Marcia Telma
Eu nasci um filete d’água
nas montanhas esplendorosas
das Minas Gerais.
Deram-me o nome do santo
padroeiro da natureza e dos animais,
e por São Francisco fiquei.
Desafiando a gravidade
subi o Brasil rumo ao nordeste
região pobre do meu país.
Passei por locais desconhecidos
altas pedreiras, corredeiras profundas
sofri o impacto de desabar
dos rochedos em cascatas,
formando um cenário
de rara beleza...
Eu vi coisas de assombrar...
e coisas que gosto de relembrar...
os índios Urumaris nas noites de luar
me viam como um espelho de prata
para Jaci ( lua ) admirar.
Assim nasceu Jaciobá
cantado e decantado pelos poetas,
que os portugueses denominaram
de Pão de Açúcar ,
cidade branca dos mil amores.
Com tristeza eu vi e pranteei
a luta dos Xokós
expulsando os Urumaris.
Lampião e Maria Bonita vinham
em minhas águas se banhar.
E os casais de namorados
que rolavam nas noites escuras
em minhas areias ardentes do sol ?
meninos eu vi tanta coisa
que dá tristeza lembrar.
Havia os grandes navios
O Peixoto e o Peixotinho
e o famoso Moxotó
que naufragou lá na ilha.
Havia as canoas de tolda
que deslizavam a vagar.
Havia os barcos de pesca
com seus pescadores a remar.
De repente o progresso
veio comigo implicar.
Surgiram as fábricas, as represas,
e captaram minhas águas,
para as terras irrigar.
Os esgotos e a sujeira
vieram em mim desaguar
e os meus peixes, que horror!
começaram a sofrer
dos camarões nem lhes falo
pois não puderam viver.
Hoje vivo de memórias
de um passado rico e nobre
pois nem a lua Jaci
vem em mim se mirar.
E os amantes, coitados
em meio à poluição
procuraram outro lugar.
Esta é a triste história
de um rio que se chamou
São Francisco
e hoje é conhecido
apenas como velho Chico.
E você que está aí
o que se propõe a fazer
que se perderam no mar.
para salvar este irmão
que sofre e chora cansado
o pranto de suas águas
Ontem você sentiu que estava só.Não aquela sozinhez gostosa,morna e aconchegante,de quem quer ficar só, estar a sós,fazer um reencontro consigo mesmo,de ser egoísta um pouquinho e se amar mais...ouvir o disco predileto,assistir CASABLANCA ou ao ANJO AZUL, ou mesmo não fazer nada.Poder sentir a solidão porque está só (morar sozinho,por exemplo) e simplesmente ficar só. A isto, chamamos de sozinhez.
Mas, de repente,você se vê só, mas sozinho mesmo,abandonado, desamado.Horrível, não? É aquela sensação de vazio interior,de ir morrendo aos poucos quando há tantas vida em derredor.É como se perdesse a própria identidade soubesse para onde ir,como chegar, como partir. As suas raízes,antes tão sólidas, tão seguras,estão soltas. É esta solidão que dói,que maltrata.
Uma dor fininha como lagartixa,mas que leva milhões de pessoas ao desespero e até ao suicídio. Você começa a duvidar das suas crenças e dos seus valores. As esperanças fogem e vem o desânimo e a apatia...aquela vontade de fechar os olhos e esquecer...dormir e sonhar...seria tão bom ter alguém para abraçá-lo ,acariciá-lo, sem cobranças, sem nada exigir a não ser a sua presença,que se dispusesse a ouvir o seu Eu interior sem questionar, sem debater,e que lhe segurasse a mão e o chamasse de amigo.
Mas os sonhos duram tão pouco, morrem tão cedo.
Recentemente conheci um médico que resolveu criar um canário, como uma das formas de combater a solidão.
E é por isso que estou escrevendo. Para transformar a solidão em sozinhez.Para recomeçar. Para renovar.
Urge reagir com tenacidade, lutar contra a indiferença da cidade, das pessoas que cruzam com você e não o vêem resgatar o vínculo entre a razão e a emoção para nos sentirmos vivos e atuantes.
Na multidão anônima que passa ,há alguém que sente o que você sente, tem as mesmas angústias e dificuldades.
Por que não sairmos do nosso egoísmo e procurar encontrar alguém que possa acalmar as ansiedades da solidão? Pode não ser aquela pessoa para complementarmos a nossa metade,mas pode ser aquela criança de rua, o velhinho abandonado no asilo ou o órfão de pais vivos.
Adote alguém e de repente não é mais solidão na sua vida, é sozinhez.
MARCIA TELMA
A campainha toca
corro para a porta
e volto tão triste
por que?
Por que, hem?
Você não vem
você não chega
eu não lhe abraço
lhe beijo e lhe afago
Por que?
A campainha novamente toca
ansiosa corro para a porta
e rio contente...
agradeço sorridente
volto para o quarto
abraço-o saudosa
beijo suas mãos
ouço suas palavras
e leio a sua carta.
As dúvidas me assaltam ferozmente
ouço rumores, vozes assustadas
que me aconselham prudentemente
a não acreditar em ciladas.
*
São complexas as ciladas d’amor
magoam, ferem, abrem feridas
impossíveis de ser cicatrizadas.
*
Tenho tanto frio, tenho tanto medo
de viver do amor, só um arremedo
e ser destruída por um furacão
sofrendo ferimentos e muita dor.
Procuro ouvir a voz do coração
Esta é falsa, não diz a verdade
e a razão vacila:qual a realidade?
**
Marcia Telma
Tentando fugir
do teu olhar
eu me desencontro.
Eu corro sozinha
na indecisão suprema do meu âmago.
e desvairada
mergulho nas cinzas do passado.
Genuflexa me curvo
ao orgulho e a indiferença
e suplico: deixe-me
Foges...
Afasta-te de mim
deixa-me viver
inundada de recordações
de uma noite inolvidável
de um amanhecer triste
de uma manhã magoada.
Eis-me genuflexa aos teus pés
suplicando-te novamente
atende-me...
nadas me peças
para eu não te dar o tudo
que me conduziria ao nada.
Não mais me olhes
Para que teu olhar
Não descubra
A minha rendição.
Não...não fales
passes ao longe
para que tua voz
não despertes instintos
em mudos apelos.
Vai-te...
deixa-me só
na minha genuflexão.
Na areia tostada
morena do sol
caímos dominados
por sentimentos não identificáveis.
Tinhas mãos serenas
olhar que infundia ternura
e tua voz era sopros de brisa
levado pelo vento.
E eu te amei
não aquele amor cego,
embriagador e violento.
Não...não amamos assim.
O meu corpo e o teu
se fundiram em um só.
Nossas mãos apertavam-se
mutuamente.
E eu fui tua
Tua.. só tua...
Eras o homem ideal
volatilizado de sonhos
personagem fictícia
do meu cérebro.
Eras a vida
na pulsação do teu peito.
Eras o calor
ávido e intenso
a percorrer todo o meu ser.
E amamos
amamos muito mesmo...
um amor irreal
sem sexo
havendo sexos.
E tu evaporaste-se
na densa neblina que
nos envolveu
deixando-me a marca
de um amor irreal.
É loucura,é volúpia ,é prazer
quando você em meus ouvidos
sussurra palavras indecentes, incoerentes
e me beija a boca e me deixa louca
quando assanha os meus cabelos
e me diz que sou sua.
Fico ébria de amor, louca de desejo
quando sua língua desliza em meu ventre
provocando o meu íntimo, desnudando
minh’alma, me fazendo delirar
com suas mãos rudes e calosas
deixando-me louca de paixão.
E eu não sei quem sou,e o que quero
se sua barba mal-feita, me arranha
descobrindo caminhos de chamas incandescentes
desconhecidos caminhos de volúpia e paixão.
É uma insensatez, não resistir a seus apelos
É um insensato amor que me faz esquecer
os meus propósitos, minha maneira de ser...
Mas essa força que me arrasta e sufoca
me afogando em sua carne suada
molhada de tanto prazer,é estranha.
É um amor insensato,magnetizado
que me une, que me liga a você
louco amor,atormentado e faminto
das razões,proporções e outras medidas
Mas que me faz vibrar, ser real
e me sentir mais do que nunca uma mulher.
A música tocava lentamente
você me olhou, sorriu
e aos poucos foi se aproximando
meu coração pulsava fortemente
os meus olhos se cerraram
E eu fiquei a lhe esperar...
Vamos dançar, garota?
*
Fiquei atônita surpresa
e a custo me levantei
dançar...dançar com você
o sonho mais sonhado
nunca antes realizado
cedeu as suas palavras
Vamos dançar, garota?
***
A música continuava a tocar
nós dois estávamos a dançar
enlaçados, bem juntinhos
como se juntos, estranhos
não fôssemos. E eu ouvindo ao longe
Vamos dançar,garota?
*
Vivi acordada um sonho
onde nós éramos nós
sozinhos num salão imenso
a música em surdina
ao longe. E , em mim , você
Vamos dançar, garota?
***
Depois o fim...a festa
terminara. Você se foi,
prometendo um novo encontro
seguiu tendo na vida mais uma paquera
enquanto eu fiquei pela noite afora
pensando insone, vazia
Vamos dançar,garota?
*
Marcia Telma, Começo de Guerra
Não sei se devo dizer felicidades
Sabes porque?
Cada dia da sua existência é uma nova felicidade
cada passo do seu caminhar é uma longa estrada
cada sonho de seus sonhos, riso dos seus sorrisos,
carinhos de seus carinhos, são epopéias de amor
de quem nasceu para amar,
Cada amigo não é colega ,é irmão
no sangue no amor e na guerra
nas dificuldades, nas confidências
no amanhecer de cada dia
no começar das noites infinitas.
Cada amor é uma recordação
cada vestido guardado é uma manifestação
de quem quer bem...
Cada lágrima derramada é o amor guardado
dentro do seu Eu.
Do amigo irmão
Alanio Dardenos Santos