Homens sujos e rasgados nas caatingas
crianças amarelas, barrigudas e feias
mulheres desgrenhadas,asquerosas, magras
que trazem nos olhares um cansaço dolente
cansaço que fere e que mata
a quem não tem água e nem fura um poço.
Chegaram à cidade os pobres coitados
tão sujos...tão magros...tão feios...
Retirantes!... gritaram os donos da vila
Que invasão! Que barbaridade!
-Não temos comida ,trabalho,
nem roupa velha. Estamos sem nada,
outra cidade mais rica,certamente
lhes darão de comer. Vão embora!
E lá se vão os pobres coitados
caminhando pela estrada mansamente
tão cansados... aonde chegam são expulsos
caras tão mal encaradas
não quero na minha fazenda!
As crianças tombam pelos caminhos
depois de comerem raiz de capim
ou o fruto do xiquexique.
febre amarela e diarréia
nos velhos.Nos jovens,esperança!
Esperança de retirante!
É a água. Um oásis de paz
e abundancia. Com um milharal
imenso, um roçado de feijão
e melancia, além da mandioca.
Esperança de retirante!!!
éter uma terra só sua
uma casa de barro, enxada
mulher barriguda e bruguelos.
Peste dos sertões!
Quando chega a seca
os donos dos engenhos e fazendas
Fecham as porteiras.
Retirantes! É a peste...
A peste amarela.
Marcia Telma
Nenhum comentário:
Postar um comentário